sexta-feira, julho 27, 2012

A cegueira da justiça...

Enquanto eu estou esperando que nem uma idiota pela decisão da justiça sobre as diárias de

TFD que eu deveria estar recebendo há 19 meses, é isso (links abaixo) que eles estão 

tentando resolver. Pra uma pessoa que ganha o quanto eles ganham, pode até parecer que a 

diária que eu tanto quero é uma merreca, mas pra mim ela seria muito importante, e é um 

direito meu.



Os direitos do paciente com câncer me asseguram a prioridade judicial, mas já faz mais de 3 



meses que entrei com a ação no ministério público e a promotora não tem nenhuma resposta 

pra me dar, sequer responde meus e-mails e quando eu ligo o desinteresse dela pela causa é 

óbvia.




Como sempre, me sinto humilhada, porque não basta estar doente, tenho que ser ignorada 



pelas "autoridades", né?





Primeiro a secretaria de saúde do município me diz que essa coisa de TFD não existe aqui. Depois me dizem que eles não podem pagar nada em dinheiro porque é ano de eleição. O assessor do prefeito ficou com  minha documentação e ficou de ligar assim que resolvesse algo... isso foi no final de abril, ainda estou esperando.
Deixamos bem claro que não estamos vendendo nosso voto, e que o ano de eleição não priva a prefeitura de pagar aos cidadãos o que é de direito deles e de dever do Estado.

19 meses. Minha luta se estende por 19 meses. A ajuda que recebi do município (dever deles)? NENHUMA.

Pensei até que por ser tempo de eleição eles fariam isso parecer mais fácil, na busca por votos, mas nem assim. 



Semana que vem eu vou ficar internada de novo, e mais uma vez não vamos receber pela viagem nem por nada (eu estando internada meu acompanhante tem direito a receber diárias pra alimentação e hospedagem).

Só acrescentando... qual é o valor da diária paga aos vereadores e ao prefeito para suas viagens? Alguma vez ela deixou de ser paga ou contestada pela prefeitura ? 

E vamos para o vigésimo mês de luta. Contra o câncer e contra a burocracia. E contra a cegueira da justiça...








Editando: Meu amigo Lucas Gabriel, através do twitter, pediu uma satisfação do atual prefeito sobre o assunto, e eis a resposta que obtive:










Bom, só gostaria de esclarecer que existe uma portaria do Ministério da saúde que assegura o meu direito ao TFD, eu até já postei aqui no blog, lembram? Portaria n. 55 : http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port99/PT-055.html


E o principal: EU NÃO QUERO NADA DIFERENCIADO PRA MIM, QUERO QUE O BENEFÍCIO SEJA PAGO A TODOS OS PACIENTES QUE TÊM DIREITO.


Gostaria também de dizer que fui falar da portaria pra secretária de saúde, levei a portaria comigo e ela não quis nem olhar, riu da minha cara dizendo que isso não existe em Paranavaí.


Quando estive em Curitiba pra coletar as células tronco tive contato com pacientes do Brasil inteiro e todos eles recebiam o benefício, menos eu. POR QUE SÓ EM PARANAVAÍ ISSO NÃO EXISTE?


Nossa saúde está em estado de calamidade, não só pra mim. Eu sei que eu sou a voz de muitos pacientes, de muitas pessoas que dependem do SUS, e é por isso que eu brigo tanto. Me sinto honrada em ser a voz de várias pessoas e isso me faz ter a obrigação de brigar por todos nós.


Ajudem-me a tornar público ao povo de Paranavaí o direito ao recebimento do TFD.

segunda-feira, julho 23, 2012

Sobre as (des)igualdades dos cidadãos...


De Fuad Faraj para Beto Richa, sobre o auxílio-saúde para os juízes


Mensagem enviada pelo promotor Fuad Faraj para o governador Beto Richa no dia 27 de novembro de 2011:


Venho à augusta presença de Vossa Excelência para, respeitosamente, expor fatos que ensejam firme atuação por parte do Governador do Paraná na missão indeclinável de respeitar e fazer respeitar a Constituição da República e o direito fundamental à vida e à saúde de todos os paranaenses.

 Não bastassem os infâmes casos que maculam indelevelmente a história do Tribunal de Justiça paranaense, como o do nepotismo delirante e o do escândalo dos cartórios que, ainda privados, perpetuam-se de pai para filho, vem agora a Cúpula Diretiva do Tribunal de Justiça escrever mais uma dessas páginas que abomina e afronta toda a nação e faz corar de vergonha os magistrados dignos e cônscios de seu dever de moralidade para com todos os cidadãos do Paraná.

 O Presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, usando de seu empenho pessoal, fez passar pela aprovação dos nobres deputados estaduais o projeto de lei 832/2011, que hoje se encontra sobre a mesa da Assessoria Jurídica de Vossa Excelência aguardando a sanção do Governador.  Referido projeto, que implanta o auxílio-saúde em prol da magistratura, implica em obrigar o mais pobre dos paranaenses que depende do Sistema Público de Saúde a pagar as despesas particulares de saúde dos juízes do Paraná, servidores e todos os seus dependentes.

 Pergunto se Vossa Excelência acha justo que o Povo do Paraná seja obrigado a pagar auxílio-saúde àqueles que a referida lei beneficia, enquanto no Paraná temos, para ficar num só exemplo, fila de espera para a 1ª consulta com oncologista? Apenas em Ponta Grossa há mais de 190 pessoas pré-diagnosticadas com câncer que não podem ser atendidas porque a Secretaria de Saúde do Governo do Paraná limita o número de consultas. São só 57 pessoas que podem ser consultadas no mês em Ponta Grossa. O que passar disso fica em fila de espera. São pacientes com câncer, meu Governador, chamados também para pagar a conta dos gastos privados de saúde dos juízes do Paraná.

 O Povo do Paraná não pode ouvir como resposta que os recursos decorrentes dessa despesa do auxílio-saúde dos juízes pertencem ao orçamento do judiciário. O dinheiro público não é do judiciário. É do Povo obrigado a pagar impostos cada vez maiores para sustentar a máquina ineficiente do Poder Público. Faço lembrar a Vossa Excelência que o Orçamento do judiciário cresce ano a ano. Somente nos últimos 20 anos o orçamento do judiciário saiu de um patamar de 6% para ir atingir um patamar de 9,5% dos recursos do Estado do Paraná. Isso equivale a dizer que o Povo do Paraná viu  sumirem 3,5% dos recursos do Estado que poderiam estar sendo aplicados na melhoria do sistema público de saúde. Ao invés disso, foram engordar o caixa destinado ao Tribunal de Justiça, a pretexto de melhoria do sistema judiciário do Paraná. Neste contexto, nenhum Presidente do Tribunal havia falado nada sobre melhorar o sistema de saúde dos juízes e funcionários do Tribunal quando foi convencer o Governador a aumentar o orçamento do judiciário.

 É inconstitucional e imoral que o Estado venha criar, com recursos do povo, ilhas de privilégio dentro do sistema público de saúde para beneficiar servidores, violando o Princípio da Universalidade da saúde pública. Assim decidiu, pasme Vossa Excelência, o próprio Tribunal de Justiça do Paraná no julgamento da apelação civil nº409.866-2 no processo que se refere à implantação de auxílio-saúde pela Prefeitura de Cascavel em benefício de seus servidores.

 Ainda que esse argumento do precedente judicial não lhe comova, é de se ter em conta que o Governo do Estado do Paraná deve observar algo que escapou ao Presidente do Tribunal de Justiça na bem sucedida campanha de convencimento dos deputados.  O que será pago a título de auxílio-saúde para cada Desembargador extrapola em até dezenas de vezes o teto do que é pago por beneficiário do SAS. O mínimo que os 300 mil servidores do Estado e seus dependentes irão exigir do Senhor, caso venha sancionar a lei do auxílio-saúde dos juízes, se traduz em duas palavras: Igualdade e Respeito. 
Finalizando, a sanção desta lei significa chancelar uma impostura e sancionar uma imoralidade, máculas que, quero ter certeza, nunca haverão de toldar a sua biografia.

Agradeço a Vossa Excelência a atenção que me for dispensada.

Rogo a Deus que muito lhe ilumine e sempre abençoe.
 
Do cidadão,
 
Fuad Faraj

terça-feira, julho 10, 2012

Como vai você? Eu preciso saber da sua vida...

Bem, eu me dei conta de que faz tempo que eu não falo nada sobre o meu tratamento e como andam as coisas..

Eu fiz uma quimioterapia entre os dias 10 e 12 de maio em Maringá e no dia 14 eu fui pra Curitiba.
Dia 15 tive uma consulta e o médico explicou certinho como funcionaria o processo de coleta de células tronco. É assim, ó: eu fiz essa quimio pra minha imunidade baixar até o mínimo possível (o que chamam de nadir), e quando chegasse ao mínimo eles iam entrar com o granulokine pra estimular a medula a produzir células tronco. 5 doses por dia. Então eu fiz um monte de exames e o médico percebeu que minha função renal não estava legal, e nesses dias em que fiquei esperando a imunidade baixar fiquei tratando os rins, com hidratação. Eu ia todos os dias de manhã para o hospital e só voltava  a noite, ainda mais depois que tive uma infecção e tive que tomar antibióticos por 7 dias. No dia 25 de maio eu comecei a tomar o granulokine, aquela delícia de 5 injeções na barriga. Não sei exatamente que dia, mas também tomei 2 bolsas de sangue porque a anemia tava muito forte.

Como o granulokine é um remédio que estimula a medula, causa dor nos ossos, em uma dose normal essa dor quase não é sentida, mas eu estava tomando uma dose 5 vezes maior que o normal. Eu quase morri de dor nas ancas e mal conseguia andar.  No dia 29 eu internei ( a primeira internação no DÉCIMOQUINTO a gente nunca esquece) pra colocar um cateter pra fazer a aférese (nome que se dá ao processo de coleta de células). O meu cateter não serve pra isso porque é de uma via só, eu precisava de um de duas vias, que foi colocado na minha jugular:




Eu tava mega inchada aí na foto, meu corpo descascou inteirinho porque eu tava feito um baiacu.

Bem, então no dia 30 e 31 é que aconteceu o processo de coleta de células, depois de 30 doses de granulokine. No primeiro dia eu fiquei umas 2 horas na máquina, mas não foi o suficiente, aí no segundo dia eu fiquei umas 4 horas e a enfermeira disse que foi coletado muito mais do que o esperado, ou seja, foi um grande sucesso. Eu e o que eu chamo de máquina de captação de vida, mas na verdade é máquina de aférese mesmo:





O que a máquina faz é retirar do meu sangue somente as células tronco e devolver o sangue pro corpo. As células tronco são um líquido meio viscoso, amarronzado, bem esquisito, mas muito importante, né?

E olha o meu estado, tenho até medo de olhar pra mim assim, com os cabelos caindo e esses dois cateteres... nem dava pra tomar banho direito... ai ai:



Bem, nesse tempo todo que eu estive em tratamento eu tive três crises grandes de ansiedade, de subir a pressão e ter que parar no oxigênio. Não dormi uma noite tranquila, eu estava no meu limite psicológico.
Na sexta-feira, dia 1 de junho, tive uma consulta com o Dr. Samir e ele me liberou pra vir embora, com a recomendação de ir urgentemente a um psiquiatra. Então eu tomei a medicação desse último dia mais uma bolsa de sangue, retirei o cateter do pescoço e ainda ficou uma medicaçãozinha pro sábado.
Sábado depois do almoço vim embora. Foram 20 dias de tratamento, entre greve no hospital e crises de ansiedade, mas nada deu errado, pelo contrário, tudo deu muito certo, eu só estava psicologicamente esgotada.

Fui ao psiquiatra e estou tomando uns remedinhos que estão me fazendo muito bem, principalmente me deixando dormir bem tranquila. Sigo com a minha querida psicóloga Célia, que eu adoro e não sei mais o que eu faria sem ela. Acho incrível como eu nunca chorei em nenhuma de nossas sessões, manteiga derretida que sou.

Infelizmente meu problema renal persistiu e eu procurei um nefrologista, Dr. Bruno que mandou eu dizer aqui no blog que ele é o médico mais querido que eu tenho. E ele é um amor mesmo. Me pediu milhões de exames e resolveu me internar pra eu tomar umas bolsas de sangue, porque meu problema renal pode ser  causado pelo baixo volume globular. Poderia ser do Linfoma, mas, graças a Deus, não é. Agora sexta tenho que fazer mais uns exames pra ver em que pé estão os rins.

Mas como nem tudo são rosas (bazinga!), de uns 5, 6 dias pra cá eu tenho sentido muita dor no braço esquerdo, meus dedos mindinho e anelar adormeceram, e permanecem assim, e estou perdendo o movimento da mão. Fui a um ortopedista que me pediu pra fazer uma eletroneuromiografia, mas é um exame difícil de conseguir e amanhã vou consultar um neurologista.

Aí quando meus rins não estiverem mais ruins eu vou fazer um novo protocolo de quimioterapia, ainda não sei ao certo como vai ser porque não falei mais com minha médica, vou na semana que vem, mas imagino que sejam pelo menos 2 sessões, pra só depois ir pro transplante, que, ao contrário do que muita gente pensa, não é uma cirurgia.

Mas meu braço está doendo muito e eu fiquei com preguiça de explicar hoje como é que funciona o autotransplante de células tronco, posso explicar outro dia?

Bem, é isso... a vida tá desse jeito, médico, médico e mais médico, e falando em médico eu lembrei que esqueci de ligar no cardiologista pra marcar um horário. Como disse a Dai, estou virando especialista em especialista. Mas agora pelo menos eu tô mais bonitinha, menos inchada... essa foto aí foi no dia que minhas primas lindas e fofas me fizeram maquiagens e tiraram fotos minhas até de ponta cabeça. Um book de pobre...rs:





Bem, como sabiamente disse Dr. House "Cancer is boring!"

Gostaram do layout novo do blog? Tenho que agradecer a Lika linda que me ajudou *-*. Obrigada, Lika.
Obrigada por todos que têm torcido e rezado por mim, me acompanhado nessa luta, que Deus lhes dê em dobro tudo que me desejarem. Beijoks.

domingo, julho 08, 2012

A alegria no meio da tempestade...

Sabe quando você mora a vida inteira na mesma cidade que uma outra pessoa, a conhece, tem amigos em comum, mas nunca para pra conversar com ela? Pois é, essa é a história minha e da Debora. Mas não termina assim. Eu vim pra Paranavaí, ela foi para os Estados Unidos, e um dia uma coisa mais forte nos ligou uma com a outra, mesmo hoje estando tão longe. Eu pedi faz tempo pra ela escrever a história dela pra eu por aqui, mas acho que ela não estava motivada, até que hoje ela se motivou. E eu não vou dizer que é uma história com final feliz, porque ela ainda não chegou ao fim, está começando um novo e lindo capítulo. Eis a história da Debora:





Meu nome e Debora Haveroth, tenho 24 anos, e minha história acredito que posso começar a contar assim...

Sou de Cafelândia, Paraná, e aos meus 17 anos comecei a namorar com o amor da minha vida, que hoje é meu marido. Os pais dele moravam nos Estados Unidos, e nós dois cheios de sonhos e planos de formar uma família, resolvemos ir para lá. 

Eu tinha 21 anos quando cheguei aqui, cheia de vida de sonhos e entre o maior deles meu filho!!!! Nossa eu tão jovem, com tanta coragem, nada podia me parar, trouxe meus pais e meu irmão para junto de mim 1 ano depois que eu estava aqui. Casei na Igreja, tive um casamento dos sonhos com um homem que eu amava e que me amava também, mas eu ainda não estava feliz, era como se algo me sufocasse e me avisasse que eu ia passar por algo muito doloroso na minha vida. E assim foi... 

No começo de julho do ano passado comecei a passar mal, minha menstruação veio e não parava mais, tinha manchas roxas e um cansaço fora do sério, mal mesmo... Enfim... procurei um médico, depois de 15 dias sangrando, ai ele pediu um exame de sangue e veio o pior dos pesadelos. Com essas palavras, segurou minha mão, sentou num lixeiro do lado da maca na emergência do hopital e me disse: "olha, se você fosse alguém da minha família eu estaria fazendo o mesmo por você, eu estou arrumando uma ambulância pra te levar pro melhor hospital dos EUA, porque eu descobri no seu sangue câncer, leucemia"

Ali acabou aquela Debora. Aquela morreu ali, daqui em diante começa a minha nova vida. Me levaram para Boston no hospital Brigham and Women's e ali começou a tortura. Primeiro que eu não tinha noção, só sabia q era uma doença maldita, mas eu pensava "bom tem cura, daqui a pouco tô em casa". Ai o meu médico, uns dos médicos mais bem vistos aqui, Dr. Richard Stone, e a minha médica recém formada, Dra. Rana Yehia, pegaram meu caso, fizeram o teste da medula, que nunca senti dor pior na minha vida, e ali descobriram o tipo de leucemia que era: leucemia mieloide aguda. Ok. Ai vieram e me disseram q eu tive o azar de ter uma leucemia mais a sorte de ser a mais curável, mas que para isso eu iria perder meus cabelos, que eu adorava tanto. Achei ruim, já achei que era a pior notícia, mas não era a pior. A pior foi: "talvez você vai fica infértil, não terá filhos". Oh, meu Deus, eu só tinha 23 anos, eu e meu marido sonhávamos com nosso baby e ali o sonho chegava ao fim.

O médico disse: "vamos te dar uma injeção chamada Lupron que vai proteger seus óvulos, é o que a gente espera, mas muitas vezes não dá certo". Jesus!!!! Eu falei assim para os médicos: "eu quero um filho, se não for pra ter um filho não quero viver". Foi muito complicado eu não sabia falar bem inglês e muito menos entendia. No hospital tinha um andar de fertilização e vieram até meu quarto, mas meu médico disse para mim e para seu marido que se adiassem minha quimioterapia eu iria morrer. Eu não teria tempo pra coletar os óvulos, e fora que era caríssimo. 

Assim ali eu fiquei por 27 dias. Deu 4 semanas perdi todo aquele cabelo lindo que eu amava tanto e que foi tão difícil. Perdi também todo meu sangue, fazia transfusão de sangue todos os dias, até 3 vezes ao dia, passava muito mal, fora que uma enfermeira tirava a temperatura, pressão e tal a cada 15 minutos, ou seja, não dormia, enfim, um inferno... Sabe quando o desespero é tão grande que eu tinha pesadelo e quando eu acordava continuava nele, me via careca, doente. Quando sai do hospital sai com medo de tudo, completamente traumatizada de tanto sofrer, e aquilo era só a primeira etapa. Coloquei isso na minha cabeça: "vou passar por isso". Falava todo dia pra Deus: "eu sei que será tudo a sua vontade, mas, Você já sabe a minha, Deus, não importa que eu sofra mais, que meu cabelo caia tudo, fique feia, mas, Senhor, eu quero meu filho". 

E assim foi por 6 meses. Parei minha vida ia 2 vezes por semana na clínica chamada Dana-Faber, em Boston. Fazia transfusão toda a vez e por mais 4 ciclos de quimio ficava internada por 5 dias. Na última quimio peguei o que aqui se chama chicken pox chigus, que é catapora, herpes embaixo do peito que dói muito. Adiaram minha quimio pra o outro mês e eu quase morri de tanta dor... Enfim, no dia 14/02/2012, acabei meu tratamento, estava livre, mal podia acreditar. Então eles logo falaram sobre os baby, acredito que nunca viram alguém tão louca pra ter um - hihihihi -  já me falaram aquele monte de coisa: "talvez você não vai ter, talvez demore pra ter e blá blá blá". Pedi quanto tempo teria que esperar e ele falou 3 meses, porque a leucemia pode voltar. Na verdade a faca vai estar sempre no pescoço, mas que era eu que decidia.

Assim eu esperei ansiosamente até que parei de tomar o anticoncepcional que não deixava eu menstruar. Já estava há 7 meses sem, ai minha menstruação veio 2 vezes, mas há 2 semanas quando fui fazer os exames de rotina que a cada mês faço, eles viram que meu sangue branco/plaquetas estavam baixos e fizeram o teste da medula e viram umas células estranhas que eles não sabiam o que que era, mas que podia ser a leucemia de volta. Nossa, eu fiquei desesperada, mas ai minha mãe falou "Debora cade sua fé? Deus não faz as coisas pela metade"... ai rezei e pedi "meu Deus, eu não posso ficar com essa agonia, me dê um sinal que o Senhor me curou e que eu possa confiar plenamente no Senhor. Eu sou fraca e estou com medo", ai abri a Bíblia e lá estava a palavra que caia como uma luva para mim, mas não era o suficiente. 

Fui dormir e no sonho os médicos diziam "Debora você está grávida", e eu sonhando com o mesmo sonho sempre, mas eu não poderia ter certeza pelo menos se a minha menstruação estava atrasada, porque, como falei, só tinha vindo 2 vezes, não sabia o dia certo, mas ai me deu uma vontade tão grande de parar numa farmácia e comprar o teste de gravidez mesmo que aquilo não tivesse cabimento. Falei para meu marido comprar e ele disse que não, que eu já estava triste o suficiente! 

Ai no outro dia eu comprei o teste e fiz com a médica ginecologista e deu POSITIVOOOO!!!!!! SENHOR DEUS, TODO PODEROSO ME DEU A RESPOSTA, ME DEU A PROVA QUE ESTOU CURADA E QUE TODA AQUELAS QUIMIOTERAPIAS NÃO ME PREJUDICARAM EM NADA, PORQUE QUANDO SE TEM DEUS, GENTEEE, NÃO TEM NÚMEROS, NÃO TEM ESTUDO, NÃO TEM NADA ALÉM DELE NOS CURANDO...

Pessoal que está passando por um câncer, acredite em Deus. Ele é pai, não quer o mal de um filho, não foi ele que colocou essa doença, nós somos humanos, estamos sujeitos a ficar doentes, mas eu digo DEUS TEM O PODER DE CURAR!!!!! E ELE CURA E FAZ MILAGRE!!! Gente, tô tão feliz que não me cabe a alegria, nunca mais vou duvidar de Deus, Ele me deu meu filho em apenas 2 meses tentando, ele me deu essa alegria que as vezes eu achava que nunca iria viver. Eu não quero saber se para os médicos tem probabilidade de voltar a doença, porque Deus me curou e acredito e já tomei posse da minha vitória, jamais Deus iria deixar entrar outra vida no meio disso...

Eu só espero que hoje eu possa estar ajudando alguém com a minha história, que eu choro de tanto orgulho de ser minha, só depois de tudo isso fui saber o que é felicidade, o que é conquistar algo. Não preciso de mais nada, me considero vitoriosa, lutadora, vencedora... ACREDITEM: DEUS FAZ MILAGRES QUE TE DEIXAM DE BOCA ABERTA, PASMO, SEM CHÃO, É MUITO! É DEMAIS! É FORA DO SÉRIO E SEM PALAVRAS QUE POSSAM TRADUZIR O QUE É DEUS NA VIDA DA GENTE!!!!!! 

Debora Haveroth 07/07/12 Hyannis-MA EUA







Bem, ontem eu estava no hospital com mais um dos meus probleminhas, quando meu irmão me liga: "Aline, sabe a alteração no sangue da Debora Haveroth? Não é leucemia, é gravidez". Ela entrou correndo na net pra me contar e eu não estava, pediu pro meu irmão me ligar. Eu chorei, chorei, chorei tanto, fiquei tão feliz.
Feliz por ela e pela esperança de que tudo pode dar certo depois de tanto sofrimento. Feliz por ela e por todas nós que passamos por esse medo da infertilidade causada pela quimioterapia. É uma esperança universal.

E feliz porque hoje eu sou amiga, mesmo que de tão longe, dessa pessoa que morou quase 20 anos na mesma cidade que eu e com a qual eu nunca conversei. E feliz porque eu vou ser tia postiça mais uma vez!!!

Falando em tia postiça, essa semana nasceu o João Vitor, filho da Débora, minha prima irmã. E, acreditem, ele é lindo. Eu mesma duvidava que seria, porque só a mãe acha recém nascido bonito, mas ele tem umas bochechas que eu quero morder assim que tiver a oportunidade. Muita saúde pra o João Vitor, pra o bebê da Debora que está por vir, e pra todo mundo que acompanha o blog.


Beijocas, gente. Agora só falta eu conseguir que a Alline me escreva a história dela pra eu poder dividir com vocês, porque ela é minha maior inspiração.  

quinta-feira, julho 05, 2012

Um surto...

Quem me acompanha sabe que de vez em quando eu dou uma surtada, e hoje foi um desses dias...

A secretária da minha médica ligou e disse que ela quer tentar uma nova quimio antes do transplante. E eu surtei, não pela nova quimio, mas porque eu fiquei 5 meses sem tratamento nenhum aguardando o transplante, e agora que está tudo certo vou ficar mais uns 3 meses ainda em tratamento antes dele. Surtei pelo tempo perdido que minha doença ficou aqui agindo em mim...

E do surto surgiu o post no facebook:

Todo mundo comemorando que as férias estão chegando... e eu aqui pensando como eu queria estar trabalhando 18 horas por dia, por 20 anos sem tirar férias. Mas tudo que eu tenho é essa porcaria de vida, que me faz ficar em casa ou no hospital dia após dia e no fim de semana ficar em casa também porque eu não posso fazer nada das coisas que eu gosto de fazer. Eu não vivo uma vida minha, minha vida foi roubada. E não adianta vir me dizer que eu vou ficar bem de novo, porque eu posso não ficar, e se eu ficar ninguém vai me devolver esses anos que eu estou perdendo sendo uma marionete de médicos que nem sequer pedem minha opinião e fazem o que querem comigo, e eu nem posso questionar, porque "imagina, o médico sabe o que é melhor pra você". Mas o médico nunca passou por essa porcaria de experiência... ai de fardo maior que blá blá blá... quer trocar de lugar comigo pra ver como é carregar essa merda de fardo? Sim, eu ainda procuro em que por a culpa por essa merda de doença que roubou de mim tudo que eu amo. Não, eu não acho que eu tenha que aprender nada sobrenatural com isso. Ninguém merece aprender nada dessa maneira.



Só queria dizer que isso não significa que eu deixei de acreditar e confiar em Deus.


Isso também significa que me irrita o fato de algumas pessoas acharem que eu tenho que 


encarar tudo isso alegre e contente. Eu sou humana e uma humana com câncer, eu sofro e 


sofro muito, não sou obrigada a rir da minha própria desgraça. Pra quem me vê bem e 


recuperada acha que é fácil, mas eu tenho crises de ansiedade, crises de vômito, eu já fiz 


cocô nas calças e tive que usar fraldas, eu fiquei careca 3 vezes, isso fez de mim uma pessoa


mais humilde sim, mas foi só uma consequência do meu sofrimento e eu nunca fui lá uma 


pessoa tão ruim pra precisar de tudo isso pra aprender uma grande e linda lição.



Uma das respostas que tive foi a de um médico, João Paulo, amigo de um amigo:




"o que você tá fazendo é vivendo uma situação totalmente atípica em relação a outras vidas, 


na qual cê não é obrigada a "aprender com ela" ou "crescer com ela"... o caralho! Cê quer 


sair fora dessa e pronto! Se nesse meio do caminho cê aprender alguma coisa bacana, 


ótimo, mas esse não é o foco! Eu simplesmente tenho asco dessa opinião hipócrita de 


pessoas de fora, onde (principalmente religiosos) comparam sua dor à de jesus, procuram 


justificativas até de coisas que você fez em "vidas passadas" ou mesmo exigindo de você 


uma posição de mártir que você não é e nunca foi obrigada a assumir."








Espero que nunca saibam por experiência própria como essa vida é difícil, e aos que já 


sabem, eu sei que vocês me entendem. Não somos seres humanos extraordinários, somos 


seres humanos normais que sofrem normalmente como qualquer outro ser humano.


Não esperem que eu seja forte o tempo inteiro porque eu não serei. E, por favor, não me 


digam mais que Deus nunca dá um fardo maior que somos capazes de carregar, porque eu 


não acredito nisso.


Obrigado aos que sempre estão torcendo e rezando por mim e aos amigos que sempre estão comigo.